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Alavancando a Gestão Estratégica em Escritórios Jurídicos: Para Além das Fronteiras do Planejamento.


"A escolha da Metodologia de Gestão Estratégica é decisiva para o sucesso da estratégia."
"A escolha da Metodologia de Gestão Estratégica é decisiva para o sucesso da estratégia."

A gestão estratégica é um elemento fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de qualquer organização, incluindo escritórios jurídicos. O cenário competitivo e em constante evolução no qual esses escritórios operam exige que os fundadores e sócios adotem uma abordagem mais estratégica para alcançar seus objetivos de negócios. No entanto, a adoção dessa abordagem não está isenta de riscos.

Para compreender como esta abordagem funciona e a que riscos está exposta, o primeiro passo é entender como funciona uma Gestão Estratégica, começando pelo reconhecimento de que Gestão Estratégica e Planejamento Estratégico não são a mesma coisa. Ainda que faça parte da Gestão Estratégica, o planejamento é apenas uma etapa e que, por si só, não é capaz de garantir o atingimento de objetivos e resultados. Vamos entender um pouco melhor.

O Planejamento Estratégico é a etapa em que se define as estratégias, os objetivos e as metas a serem alcançadas por meio da análise e elaboração de planos detalhados. É através dele que se estabelece a direção a ser tomada. Em contrapartida, a Gestão Estratégica abrange ainda, além do planejamento, a execução ativa, o monitoramento constante, o gerenciamento de riscos e a implantação de ajustes das estratégias. Desta forma, é a Gestão Estratégica que garante a eficácia da execução e a adaptação ágil às mudanças. Alocando recursos, coordenando esforços, avaliando o progresso e mitigando riscos, a Gestão Estratégica assegura que a estratégia seja implementada com sucesso, mantendo-a alinhada ao posicionamento de mercado e aos objetivos maiores do escritório.

Neste artigo, exploraremos as etapas do processo de Gestão Estratégica, seu objetivo principal e os riscos associados a cada uma dessas etapas, com foco especial em escritórios jurídicos.

O Processo de Gestão Estratégica: Etapas, Objetivos e Cuidados a Observar

O processo de Gestão Estratégica é um ciclo contínuo de atividades que envolve a definição e implementação de objetivos estratégicos para alcançar o posicionamento que a empresa pretende ter no mercado em que compete. Para escritórios jurídicos, a Gestão Estratégica é especialmente relevante, uma vez que ajuda a direcionar os esforços em direção a resultados bem definidos e a se adaptar de maneira eficaz às mudanças no ambiente legal e de negócios. Por isso, a escolha da Metodologia de Gestão Estratégica é decisiva para o sucesso da estratégia do escritório.

1. Elaboração do Plano Estratégico

A primeira etapa do processo, como mencionado acima, é a elaboração do plano estratégico. Nesta fase, os fundadores e sócios devem definir a direção que desejam que o escritório siga e identificar os principais objetivos a serem alcançados. Isso inclui, além dos aspectos financeiros, a forma como o escritório pretende se posicionar e competir no mercado. No contexto de escritórios jurídicos, isso envolve:

a. A identificação e priorização de áreas ou práticas

b. A definição de segmentos de clientes-alvo

c. A definição de estratégias para diferenciação em relação aos concorrentes

d. A definição de estratégias para o crescimento no mercado e serviços que oferecem.

Apesar de não ser suficiente por si só para assegurar o atingimento dos objetivos do escritório, a etapa de planejamento é de suma importância uma vez que é nela em que são direcionadas todas as demais etapas da Gestão Estratégica. Desta forma, é essencial que todas as atividades pertinentes a esta etapa, bem como as informações geradas, sejam capazes de direcionar a execução do plano de forma objetiva e clara, não restando dúvidas sobre o que deve ser feito.

E neste ponto, temos visto planejamentos que não atendem a estes requisitos de objetividade e clareza. De fato, alguns planos sequer apresentam de forma clara a definição:

i. Da estratégia de posicionamento e diferenciação em relação aos concorrentes

ii. Da estratégia de crescimento em mercados e serviços

iii. Dos objetivos e metas financeiros e comerciais

iv. Dos planos para processos, pessoas e tecnologia.

Ora, se encontra-se entre os objetivos de um plano estratégico estabelecer a forma como o escritório pretende se posicionar e competir no mercado, definindo com objetividade e clareza as iniciativas a serem implantadas, como dizer que um plano estratégico é adequado sem que as questões acima tenham sido definidas?

As consequências da ausência de tais requisitos costumam ser encontradas em planos que nunca são executados ou que não levam aos objetivos esperados, representando apenas desperdício de recursos.

 

É preciso tirar o plano estratégico do "PowerPoint".

 

2. Execução do Plano Estratégico

A execução do plano estratégico é a fase em que a estratégia é implementada na prática. Aqui fazemos uma pausa para destacar que nossa experiência mostra que muitas empresas chegam a concluir a etapa de planejamento, mas não vão além disso. Isto ocorre porque boa parte destes planos não trazem, com objetividade e clareza, os objetivos a serem atingidos e as iniciativas a serem implantadas. Outros sequer trazem os objetivos e metas financeiros e seu alinhamento com os objetivos e metas comerciais.

É preciso tirar o plano estratégico do "PowerPoint" e levá-lo para um nível em que:

i. O posicionamento desejado e a abordagem competitiva planejada pelo escritório estejam claros para todos

ii. A estratégia de crescimento esteja alinhada com o posicionamento desejado e a abordagem competitiva aprovada

iii. Os objetivos financeiros e comerciais estejam alinhados entre si e sejam coerentes com os demais elementos da estratégia que foram definidos até aqui

iv. Os objetivos e iniciativas necessários à execução do plano estão definidos, são exequíveis (no contexto da disponibilidade de recursos necessários à execução), foram atribuídos adequadamente e estão claros para todos no escritório

v. Processos de monitoramento e de gerenciamento dos riscos relacionados à gestão estratégica foram implantados e são adequadamente executados.

Quando analisamos a execução do plano estratégico sob este prisma fica mais fácil compreender que, ainda que o sucesso de uma estratégia dependa da excelência na sua implantação, é no planejamento que começamos a definir se teremos sucesso ou não na sua execução. Visto desta forma, concluímos que poucas decisões podem ser piores que a de executar com excelência um plano estratégico ruim.

Voltando à execução da estratégia, outro ponto que precisa ser desmistificado é de que tudo muda radicalmente quando da adoção de uma nova estratégia. Devemos lembrar que o principal objetivo de uma estratégia de negócios é direcionar uma organização para atingir seus objetivos, enfatizando a alocação eficiente de recursos, a criação de vantagem competitiva e a adaptação contínua ao ambiente em mudança. Neste contexto, escritórios jurídicos certamente já possuem um direcionamento que os fez atingir um certo grau de sucesso. O que se espera de uma nova estratégia é que ela traga à gestão do escritório ajustes ao direcionamento existente de forma a maximizar a eficiência e a eficácia operacional, a diferenciação competitiva e a conquista de metas sustentáveis. Em termos práticos, e de forma bem resumida, trata-se de fomentar as práticas (existentes ou novas) para aumentar a criação de valor e eliminar práticas que não criam valor. No dia a dia, é comum que os profissionais do escritório passem a experimentar, ao longo da execução da estratégia, mudanças pequenas, mas que ocorrem de forma gradual, contínua e sempre embasadas por uma comunicação consistente da justificativa estratégica de cada mudança.

Por fim, mas não menos importante, a etapa de execução não se limita à comunicação clara e consistente dos objetivos e metas a serem atingidos e à implantação das iniciativas planejadas. Tão importante quanto a comunicação e a implantação é o monitoramento da etapa de execução e de Gestão Estratégica com um todo. É este monitoramento que permitirá a fundadores e sócios identificar a necessidade de ajustes a serem feitos, sejam eles na forma de executar a estratégia, sejam eles na própria estratégia definida durante a etapa de planejamento.

 

Poucas decisões são piores que a de executar com excelência um plano estratégico ruim.

 

3. Gestão dos Riscos Estratégicos

A gestão dos riscos estratégicos é uma etapa crítica e, por não ser muito conhecida, muitas vezes subestimada do processo de Gestão Estratégica. Envolve a identificação, avaliação e mitigação dos riscos associados à estratégia planejada ou já em curso. Esses riscos podem ser categorizados em três áreas principais:

a. Riscos Estratégicos

Esses riscos estão relacionados à própria estratégia definida. Pode haver uma desconexão entre a estratégia e os resultados desejados, seja por não considerar todas as etapas necessárias do planejamento, por não se diferenciar suficientemente dos concorrentes ou por adotar uma abordagem excessivamente agressiva. A falta de um plano estratégico claro e coerente pode levar a resultados insatisfatórios e perda de direção.

b. Riscos Culturais

Ao dizer que "A cultura come a estratégia no café da manhã.", Peter Drucker se referia ao potencial que uma cultura organizacional possui para prejudicar a execução eficaz da estratégia. Se a cultura do escritório não estiver alinhada com os objetivos estratégicos, os colaboradores podem não estar suficientemente engajados para alcançar as metas estabelecidas. A falta de comprometimento e engajamento da equipe pode resultar em uma execução deficiente da estratégia. Em contrapartida, culturas que impulsionam a estratégia são aliadas fundamentais do atingimento dos objetivos e metas dos escritórios. É sempre importante lembrar que é o desempenho excepcional das pessoas que impulsiona a execução da estratégia.

c. Riscos de Capacidade de Execução

A implementação bem-sucedida da estratégia depende ainda da alocação adequada de recursos, como pessoal, tecnologia e orçamento. Se o escritório não conseguir prever e alocar esses recursos de maneira eficaz, a execução da estratégia pode ser prejudicada. Isso pode levar a atrasos, custos adicionais e, em última análise, ao não cumprimento dos objetivos estratégicos.

Não só ao longo da etapa de planejamento, mas durante todo o processo de Gestão Estratégica, é importante prever e planejar iniciativas para mitigar estes riscos. Estas iniciativas incluem (mas não se limitam a):

i. Adotar uma Metodologia de Gestão Estratégica que seja eficiente e eficaz

ii. Avaliar os aspectos culturais do escritório que podem impedir ou contribuir com a execução da estratégia

iii. Dimensionar adequadamente a disponibilidade de recursos que poderão ser alocados para e execução da estratégia.

Neste último item, cabe complementar com dois pontos: uma boa metodologia considera o uso destes recursos desde a etapa de planejamento, evitando assim a construção de objetivos para os quais não haverá recursos; é possível disponibilizar recursos transferindo-os de frentes não priorizadas para aquelas priorizadas pelo planejamento estratégico. Esta análise também deve se iniciar já no planejamento estratégico.

Conclusão

A Gestão Estratégica é essencial para a sobrevivência e prosperidade de escritórios jurídicos em um ambiente de negócios dinâmico e competitivo. O processo de Gestão Estratégica envolve a elaboração do plano estratégico, sua execução e a gestão dos riscos associados a essas etapas. Cada fase desempenha um papel crucial no alcance dos objetivos estratégicos do escritório.

Tão importante quanto ter uma boa metodologia para planejar e gerir a execução do plano estratégico, é reconhecer e abordar de forma adequada e tempestiva os riscos estratégicos, culturais e de capacidade de execução que podem surgir ao longo desse processo. Ao compreender esses riscos e implementar medidas eficazes de mitigação, fundadores e sócios podem aumentar significativamente as chances de sucesso de sua abordagem estratégica.

Em última análise, a Gestão Estratégica bem-sucedida não apenas orienta o escritório em direção ao sucesso, mas também fortalece sua resiliência e adaptabilidade, permitindo que ele se destaque em um mercado jurídico cada vez mais desafiador.

Julio Ladeira

Consultor em Gestão Estratégica e Financeira

Saiba mais sobre como implantar um processo adequado de Gestão Estratégica em seu escritório clicando no botão abaixo.



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